O ministro da Educação, Nuno Crato, reconhece que a taxa de retenção nas escolas portuguesas é muito elevada, mas recusa uma diminuição de chumbos “de forma artificial”, voltando a defender que só passa quem sabe.
“Nós estamos em sintomia com as preocupações do Conselho Nacional de Educação (CNE) no que se refere à redução da taxa de retenção. É verdade que há uma taxa de retenção muito elevada nas nossas escolas e nós temos que as reduzir”, disse hoje Nuno Crato, reagindo às recomendações do CNE sobre retenção no ensino básico e secundário divulgadas na segunda-feira. Tal como defendido pelo presidente do CNE, David Justino, também Nuno Crato quer menos retenções mas recusa um cenário de passagens administrativas: “Nós queremos que os alunos passem, mas que passem sabendo”, afirmou o ministro. Do lado dos pais, o presidente da Confederação Nacional de Associação de Pais defendeu hoje um maior investimento nos alunos para inverter a cultura da retenção (chumbos), considerado pelo Conselho Nacional de Educação como o problema mais grave do sistema educativo. Em declarações à Lusa, Jorge Ascensão sublinhou que a CONFAP tem defendido por diversas vezes a necessidade de se “alterar a cultura da retenção para uma cultura de certificação”. “Em vez de estarmos a seguir um caminho da retenção como processo de melhoria que não tem dado resultados - os alunos retidos acabam por cair num ciclo vicioso de retenção - temos de perceber as dificuldades de cada um, as suas maiores fragilidades e tentar apoiar essas dificuldades para que os jovens as ultrapassem e alcancem os objetivos”, explicou. O presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), David Justino, defendeu que as elevadas taxas de retenção de alunos (chumbos) são “o problema mais grave do sistema educativo”, o qual quer ver na agenda dos partidos e das políticas públicas. Numa conferência de imprensa em que apresentou a recomendação do CNE ao Governo relativa à retenção no ensino básico e secundário, David Justino referiu a necessidade de trazer o tema para a discussão política, dizendo que deve estar na agenda dos partidos, se se quiser combater o fenómeno que envolve cerca de 150 mil alunos no sistema de ensino (público e privado), com um custo de cerca de 600 milhões de euros, se se admitir que cada aluno custa ao Estado cerca de quatro mil euros por ano.
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