As crianças de hoje, “de uma forma geral, levam uma vida de executivo”, atira Manuel Coutinho, psicólogo e coordenador da Linha SOS Criança. Neste Dia Mundial da Criança, os especialistas alertam para o facto de os mais pequenos terem os dias inteiros preenchidos, sem tempo para brincar, passando por uma escola que fomenta a competição feroz e não a curiosidade e a aprendizagem.
“Toda a sua atividade é preenchida até à exaustão, até se faz agenda para os tempos livres que deveriam ser livres. As próprias brincadeiras são programadas, com brinquedos estereotipados, o que não ajuda nada a desenvolver a criatividade, a interação com o outro”, corrobora Manuel Coutinho. Este psicólogo acredita que “as autarquias, por exemplo, deveriam mandar fechar ruas aos fins de semana para os miúdos poderem ir jogar à bola com os outros, aprender a ganhar e a perder; para irem pedalar uma bicicleta, aprender a andar e a cair. Tudo sob a observação dos pais, claro”. Igualmente, a pedopsiquiatra Ana Vasconcelos fala da importância da criatividade e alerta para as horas que as crianças passam em frente a ecrãs. “Estes acabam por ser boicotadores, porque acabam por escamotear a atividade relacional com o outro”, explica. E a escola no meio disto? A escola é também alvo de reparos. Para Manuel Coutinho “deveria humanizar-se”. Ana Vasconcelos resume: “A escola transformou-se num espaço que é mais de avaliação e competição do que de aprendizagem”. E isso é mau? A pedopsiquiatra responde: “Uma criança só aprende se sentir desafio, se se sentir confiante. Se sente medo, se sente a pressão do falhar, bloqueia e não aprende”. Manuel Coutinho concorda e afirma que “as escolas hoje preparam para ter boas notas, mas não para a vida”. “Preparar para a vida é transmitir valores, é ensinar a pensar e a refletir, mais do que apenas o que está num livro”. E vai mais longe este especialista quando recorda que “nem sempre os grandes nomes da História foram os melhores alunos”. “Uma criança só aprende se se sentir confiante. Se sentir medo não aprende” In Jornal de Notícias
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A PSP iniciou hoje a quarta edição do programa “Estou Aqui”, que consiste na distribuição de pulseiras gratuitas para ajudar os pais e educadores a localizar crianças entre os dois e os nove anos que estejam perdidas.
Este ano, o programa apresenta um novo método de registo, devendo os pais fazer o registo prévio e só depois podem levantar a pulseira na esquadra escolhida, e, pela primeira vez, é válido durante um ano e meio, segundo a Polícia de Segurança Pública. Os pais podem fazer o registo prévio das crianças no site do programa (https://estouaqui.mai.gov.pt/Pages/Homelnativo.htm.) a partir de hoje e as pulseiras podem ser levantadas nas esquadras da PSP escolhidas pelos pais após o registo ter sido concretizado com sucesso. De acordo com a PSP, as pulseiras ficam disponíveis para serem entregues depois do sétimo até ao 25º dia, sendo o pedido cancelado caso não sejam levantadas nesse período. “Este ano há novas especificidades no que toca à forma como se acede à pulseira. Convidamos as pessoas a irem primeiro ao site, a identificarem-se, a fazerem o registo e dirigirem-se a uma esquadra até termos a garantia de que a criança está inscrita”, disse o porta-voz da PSP, subintendente Paulo Flor, na cerimónia que assinalou o arranque do programa. Justificando a alteração, o porta-voz da PSP afirmou que, nas edições anteriores, havia cerca de 15 a 20 por cento de pulseiras que eram levantadas nas esquadras e depois não eram ativadas pelos pais no site, o que levou a alteração do registo. “Para a PSP era naturalmente constrangedor porque mais do que não teremos um registo podemos ter uma criança com uma pulseira que não estava registada. Quisemos inverter essa tendência, fazer o registo da pulseira e depois ir às esquadras”, sustentou. A pulseira, destinada a crianças entre os dois e os nove anos, pode também ser usada por crianças estrangeiras que visitam Portugal e por filhos de portugueses que façam férias em países da União Europeia. Segundo a PSP, o programa "visa facilitar e agilizar a localização dos educadores ou pais de crianças perdidas”, especialmente no período de verão. Cada pulseira “é única”, sendo atribuída a cada uma um número diferente que, apesar de ser percetível, só pode ser lido pela PSP, através da base de dados. Em caso de desaparecimento da criança e, através de uma chamada para o 112, serão acionados os mecanismos necessários de comunicação com as forças de segurança, que enviarão para o local do desaparecimento da criança uma patrulha policial. Paralelamente, ao longo deste processo, que se pretende o “mais célere possível”, a PSP agilizará, através da força de segurança envolvida, o contacto com o responsável pela criança perdida, de acordo com os registos fornecidos no ato de adesão e ativação da pulseira, segundo a Polícia. Nos últimos três anos, a pulseira foi usada por 60.000 mil crianças e a PSP registou o desaparecimento de duas - em 2013, no Algarve e em Lisboa -, que foram depois encontradas. Também presente na cerimónia, que decorreu no Parque das Nações com a presença de dezenas de crianças para assinalar o Dia Mundial da Criança, Maria João Pena, assistência social na Linha SOS Criança, considerou esta medida fundamental na prevenção “O problema das crianças desaparecidas não é muito representativo do ponto de vista estatístico, mas é um problema sério, grave e que envolve as autoridades policiais e as organizações da sociedade civil”, adiantou. In Lusa |
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