Alunos, professores e funcionários das escolas portuguesas vão passar a poder ter formação em suporte básico de vida, anunciou hoje o INEM. O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e a Direção-geral da Educação assinam na quinta-feira um protocolo de colaboração que possibilita a formação em suporte básico de vida a alunos do 3.º ciclo do ensino básico e a professores e funcionários dos agrupamentos de escolas e das escolas não agrupadas. O protocolo, que entra em vigor já este ano letivo, abrange ainda a formação certificada dos professores como formadores em suporte básico de vida e prevê a acreditação dos centros de formação de associações de escolas como entidades acreditadas pelo INEM para formação em suporte básico de vida. O INEM lembra que há um conjunto de procedimentos e atitudes que, quando desencadeados de forma adequada e eficaz, aumentam a possibilidade de sobrevivência de vítimas em paragem cardiorrespiratória. “É por isso fundamental que quem presencia este tipo de ocorrência reconheça a gravidade da situação e saiba como atuar, ligando de imediato 112 e iniciando manobras de suporte básico de vida, as vulgarmente chamadas manobras de reanimação”, refere o INEM num comunicado hoje divulgado. O domínio daquelas manobras e procedimentos pode salvar vidas e deve ser incorporado desde cedo na vida de cada cidadão, considera o Instituto. O Programa Nacional de Saúde Escolar – 2014 já defendia que a maioria dos profissionais de educação das escolas devia ter formação em suporte básico de vida. "É importante que a escola disponha de um local próprio para primeiros socorros e que a maioria dos profissionais de educação possua formação em suporte básico de vida", refere o documento elaborado no ano passado pela Direção-geral da Saúde. O documento sugeria que as equipas de saúde escolar deviam aumentar as competências da comunidade escolar na avaliação da criança vítima de acidente e prestação de primeiros socorros. Além dos profissionais, também as crianças a partir dos 10 anos são capazes de aprender e aplicar técnicas de suporte básico de vida: "Esta formação precoce reduz a ansiedade sobre os possíveis erros e aumenta acentuadamente a disponibilidade para ajudar". In Lusa
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Muitas crianças portuguesas entre os seis e os dez anos trabalham como alunas tanto ou mais do que os adultos, com oito horas diárias na escola a que muitas vezes acrescem trabalhos de casa "repetitivos e inúteis", defendem especialistas.
"A vida das crianças a partir dos seis anos não pode funcionar só a partir da escola. A escola é muito importante, mas a educação informal e os momentos de lazer e o brincar são fundamentais", argumenta Maria José Araújo, investigadora da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto. Vendo o tempo médio de trabalho de um adulto, entre 37,5 a 40 horas semanais, percebe-se que muitas crianças trabalham no seu ofício de alunas tanto como um trabalhador adulto. Contudo, enquanto o trabalho profissional dos adultos é seguido de descanso para a maioria das pessoas, o trabalho escolar é cada vez mais desenvolvido dentro e fora da sala de aula, nota a investigadora, em declarações à agência Lusa. Opinião idêntica revela o pediatra Mário Cordeiro, para quem as crianças trabalham mais do que os adultos: "Qualquer sindicato das crianças, se existisse, nunca permitiria tamanha carga horária". O tempo para brincar, descansar e preguiçar é, segundo os especialistas, subvalorizado. "A cultura escolar sobrepõe-se à cultura lúdica", refere Maria José Araújo, que lamenta que o tempo livre das crianças seja invadido pela escola, não deixando que a criança possa descansar e escolher o que fazer. Trata-se sobretudo da forma como as atividades são estruturadas, já que mesmo as atividades de enriquecimento curricular são pensadas em termos de escolarização. "O ensino formal é muito importante e devemos estimular as crianças para isso. Mas depois de cinco horas de atividade letiva, é preciso descansar e brincar. As outras atividades que as crianças realizem devem ter uma metodologia lúdica", defende. Atualmente, a escola e a família parecem ter esquecido que a brincar se "aprende muito": "as crianças não brincam para aprender, aprendem porque brincam. Brincar é viver, para as crianças. É necessário respeitar a cultura lúdica e as culturas da infância". Repetir em casa o que se fez na escola, prolongando o tempo de trabalho escolar, é um dos erros que se tem vulgarizado, defende. "Os TPC [trabalhos para casa] são muitas vezes repetitivos e inúteis. Meninos de seis e sete anos andarem a repetir letras e fichas, com o argumento de que eles gostam e precisam, devia ser proibido, como acontece já nalguns países", sustenta Maria José Araújo. Contudo, a investigadora diz que é necessário distinguir entre estudar e fazer TPC: "Estudar é importantíssimo e deve ser ensinado e incentivado. Deve ser mostrado isso às crianças. Mas estudar tem de ter a adesão voluntária de quem o faz. Já os TPC repetitivos podem ajudar a mecanizar, mas afastam a criança do sentido e do valor do conhecimento". Para Maria José Araújo, os TPC, a existirem, devem ser feitos na escola, eventualmente no apoio ao estudo e nada mais, até porque "representam muito em termos de tempo que ocupam, mas muito pouco em termos de estímulos cognitivos". "Na verdade, se os TPC, tal como os conhecemos, ajudassem as crianças a ter sucesso escolar já se teria notado", indica, sugerindo que se deve antes ajudar as crianças a compreender o significado do conhecimento e das diferentes formas de aprendizagem. "Saber não é só repetir e há muitos educadores que apostam mais nesta versão", defende. Também para o pediatra Mário Cordeiro, a escola, onde os meninos permanecem tanto tempo, tem a obrigação de ensinar "sem invadir o espaço-casa, onde as crianças devem estar sem pressões". "Os TPC diários, na versão 'mais do mesmo', são uma invasão da privacidade, na pior hora possível para a família e quando o aluno não tem capacidade de resposta, originando stress familiar e pessoal. Deviam ser abolidos", defende Mário Cordeiro. In Lusa Na terça-feira fomos ler à escola, para uma muito atenta turma do 1.º ano. A Ilha, de João Gomes de Abreu e Yara Kono, uma edição da Planeta Tangerina, foi um dos eleitos. Sim, porque os alunos do 1.º ano não satisfizeram apenas com uma história. Mas voltemos à Ilha. Nesta ilha, onde habitavam ilhéus, teve lugar uma grande empreitada: a construção de uma ponte. "Ter um sonho assim até não seria problema nenhum, se o continente não ficasse lá longe, tão longe e a construção da ponte não fosse uma obra louca, tão louca... Mas, quando começa a construção da ponte, ninguém se apercebe da loucura do projeto: os engenheiros fazem os cálculos que têm a fazer e a população junta esforços em torno deste sonho coletivo. Só mais à frente vamos descobrindo como alguns cálculos estão errados e como há imprevistos que ninguém calculou." Um livro sobre sonhos, cuja leitura terminou da melhor maneira: com uma sessão em que os meninos e as meninas puseram à prova os seus dotes artísticos. E que grandes artistas que eles são! O resultado foi este: A ilha foi representada na perfeição, com a sua praia e floresta, a sua montanha muito alta, as casas dos ilhéus, um mar onde não faltaram barcos, peixes e até sereias ou tubarões, que aqui o que mandou foi a imaginação e toda a gente sabe que esta não tem limites.
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