Em muitas casas, a ladainha é sempre a mesma. Os lamentos na hora de estudar ou fazer os trabalhos de casa levam os pais à beira de um ataque de nervos. Encarado pelos mais pequenos quase como um ‘castigo’, as tarefas escolares não costumam estar associadas a momentos bem passados. Mas é possível, garante ao Destak a especialista, autora do livro ‘Motivar os Filhos para o Estudo’, da editora Clube do Autor, mudar as caras feias e pôr fim às discussões. E, mais uma vez, a solução passa pelos pais. «Muitas vezes a criança está ali ao lado dos trabalhos de casa com má cara e pouca vontade, porque assim tem os pais ao seu lado - estão a gritar mas ao seu lado. Deixo sempre o desafio aos pais: dediquem um tempo fixo ao final da tarde para os filhos (pode ser meia hora, uma hora) e deixem que esse tempo fique claro para a criança. Ou seja, "tenho uma hora para ti, se fizeres os trabalhos de casa rápido, podemos aproveitar o resto do tempo para brincar". Assim todos têm melhores finais de tarde.»
Os gritos são também, não raras vezes, companhia regular nos momentos de estudo. Gritos das crianças, insatisfeitas com o que têm de fazer e gritos dos pais, a quem a paciência vai faltando. Mas, reforça a psicóloga, o primeiro mandamento nestas coisas tem que ser não gritar. É que são várias as teorias que confirmam que «a forma como falamos para as nossas crianças se transforma na sua voz da coeficiência, no seu grilo falante». O que não significa, acrescenta de pronto Ana Manta, que esta afirmação sirva para colocar pressão sobre os pais. «Todos gritamos de vez em quando. A ideia é colocar os pais a refletir sobre isso. Quando penso nisso tento moderar a forma como falo, nem sempre resulta, mas não gostava nada que os meus filhos ouvissem gritar para o resto da vida. Este é logo o primeiro mandamento porque é mesmo uma provocação, é o mais difícil de todos.» Falar é fácil, dirão muitos. E às vezes gritar também. Por isso, há um caminho a percorrer para controlar o impulso de levantar a voz. Como? Ana Manta dá a resposta. «A melhor forma de se evitar é treinar a comunicação e o auto-controlo. Muitas vezes gritamos com eles porque o dia não correu bem no trabalho, estamos stressados, estamos exaustos e acabamos por descarregar nas pessoas que mais amamos. Os filhos são um espelho dos pais, só são felizes se nós formos felizes, é todo um exercício que deve começar mal acordamos de manhã, estar gratos pela vida, e sorrir para toda a gente, este estado de espírito vai refletir-se no mundo à nossa volta.» Tempo a mais De manhã e de tarde – e às vezes até bem tarde -, as tarefas para os mais pequenos multiplicam-se, com aulas e exames que começam cada vez mais cedo. Para a psicóloga, não há dúvidas que as crianças não estão preparadas para este grau de exigência, «em termos cognitivos e de desenvolvimento». Aquilo que é exigido «são tarefas que estão acima das suas capacidades e isto cria desmotivação e consequente desinteresse pelo estudo, o que é grave», acrescenta, alertando que pode mesmo «comprometer todo o sucesso educativo da criança». Estar motivado ajuda na caminhada, tendo os pais, confirma a especialista, um papel muito importante. E para motivar os mais pequenos, nada melhor do que recorrer ao que eles mais gostam: a brincadeira. «O que move a criança é a curiosidade, a busca pela novidade», diz Ana Manta. E isto sempre com os pais ao seu lado. Mas atenção que isto não significa que estudem pelos filhos. «É muito importante que a criança sinta que os seus pais são companheiros nesta caminhada, que confiam nas suas capacidades e acima de tudo que o aceitam como é. É fundamental que os pais incentivem os filhos a criar as suas próprias metas, e que respeitem as metas que os filhos definem. Já tivémos a nossa oportunidade como estudantes, agora é a vez deles.» Se há um papel aqui reconhecido aos pais, os professores não ficam atrás. Estes, diz a especialista, devem ser «parceiros dos pais», até porque, reforça, «a sintonia entre os pais e os professores é a base para o sucesso escolar dos filhos. Os pais devem respeitar o trabalho e as decisões dos professores e os professores devem incluir ao máximo os pais na escola». In Jornal Destak
0 Comments
Your comment will be posted after it is approved.
Leave a Reply. |
Categorias |